quarta-feira, fevereiro 09, 2022

As duas mãos

Basta escolher, diz o tolo
Como se fosse uma simples decisão
Vire à esquerda ou à direita
E escolha entre a Morte ou o Sonho

Mas, de um lado, uma mão esmagadora
Desce violenta, empurrando o chão
Tragando árvores, animais, casas
Sugando-me a alma para baixo

Do outro, uma mão agarra a terra
E, por baixo, a ergue de uma vez
Fazendo tudo tremer e se desmanchar
Erigindo um monte intransponível

E, no meio, tremo eu, perdido
Vendo o Sonho sendo erguido além de mim
E os dedos da Morte me envolvendo
Rodando, em um chão que se desfaz nos meus pés

Em desespero, perco o céu e o inferno
Apenas vejo tudo se desmanchar
Enquanto rodo, uma, duas, mil vezes
Entre duas mãos que me ignoram


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