quinta-feira, janeiro 30, 2014

Eterna

Enganosa é a força dos vivos
A vida, tão cheia de sons e movimentos
Não passa de fumaça e ilusão
Ocultando nossos reais feitos

As verdadeiras marcas e impressões
Só são vistas quando passamos
Quando os vivos viram fantasmas
Aí sim conhecemos a sua força

E percebemos que seres pequenos
Viram fantasmas terríveis
Espíritos que se recusam a partir
Em marcas que nunca se fecham

E que criaturas vistosas
Tão belas e irresistíveis
Eram flores sem raízes
Levadas em um sopro ou dois

É só à noite, quando os mortos revivem
E os fantasmas lutam na escuridão
Que medimos, enfim, o seu real valor
E sabemos o que é eterno...e o que nunca podia ser

sexta-feira, janeiro 24, 2014

De que adianta ver os anjos do céu
Se só podemos contemplá-los de longe?
Sem que eles baixem os olhos à terra
E agraciem os mortais com um sorriso?

Por que, descer assim das alturas
Mostrar glórias que desconhecemos
Um esplendor hipnótico e irresistível
Se não te importas com os mortais?

A devoção enche-lhes o coração
Extasiados, preparam homenagens
Redigem poemas, escrevem canções
Tudo inútil, tudo em vão

É para cima que olham os anjos
Se passeiam aqui, mal nos observam
Nossa devoção não os toca
Desprezam nossos presentes

Por que descem e nos encantam
Se nada querem ou desejam
Das criaturas que vivem cá embaixo?
Se é sadismo ou inocência, não o sei

O que sei é que devemos fugir deles
De suas visões e epifanias mortais
Que encantam e aprisionam
E produzem um culto intenso...e inútil

sexta-feira, janeiro 10, 2014

Adeus...

Não importa...por mais esforço que se faça
É sempre pra baixo que se vai
Quanto mais se foge, mais a terra abre a boca
Enorme, grotesca e faminta

Faço-lhe súplicas, mas é inútil
Cansou-se de esperar pelo meu fim
Quer chupar agora os meus ossos
Enquanto minha carne escorre de seus lábios

Fujo, mas a força se esvai
Não vejo mais luz, foi-se a esperança
As trevas se fecham sobre mim
Já não há mais a quem recorrer...

quinta-feira, janeiro 09, 2014

Céu

Não me prometa raízes
Correntes que me prendam firmemente
Unindo-me à terra, fundindo-me a ela
Até que, enfim, me transforme em pó

Prometa-me asas e dai-me o céu
Diga que me arrancarás do solo
Que voarei em meio as nuvens
Livre, para ir onde quiser

Ilude-me, tira-me da realidade
Deixa-me sentir, mais uma vez
O gosto da loucura de um sonho
O vento batendo no rosto

Porque a vida é céu, é sopro
Mas a morte é chão, é pó
E ainda que, um dia,
Tenha que vir ao chão...

Ao menos, me resta o consolo
De saber que, enquanto voar,
Estarei vivo e livre
E, com sorte, feliz

Terra

Quando o céu desbota
Como se pode olhar pra cima?
Se não há azul ou vermelho,
Mas apenas o monótono cinza?

Os olhos baixam e veem
Que a terra bem pode ter defeitos
Mas ainda é cheia de encantos
Cores que explodem aqui e ali

E, assim como vestes desbotam com o tempo
Os sonhos celestes também empalidecem
Na espera há alegria,
Mas o tempo leva embora a esperança

E ainda que tudo ao redor seja deserto
O amarelo das areias ainda parece mais vivo
Se a terra é escura e úmida
Ainda vejo o verde das árvores

Quando o céu desbota
Como se pode olhar pra cima?
Se não há azul ou vermelho,
Mas apenas o monótono cinza?

Dançar...

...como se não houvesse amanhã.


quinta-feira, janeiro 02, 2014

Das músicas de retorno

Minha primeira descoberta musical de 2014 foi o John Newman. E foi uma música de retorno, a "Love Me Again". Como eu gostei dela, acabei resolvendo fazer um pequeno post sobre o assunto.

É curioso como as músicas de arrependimento e pedido de volta de namoro são, normalmente, cantadas por homens. Certa vez, conheci alguém que me disse que, se um ex quisesse voltar pra ela, teria que cantar essa música:



Nunca fiz um pedido musical de retorno. Mas, se um dia fizesse, não seria tão poético. Teria que ser algo assim, mais na linha do Newman:



E, embora a maioria das músicas de retorno sejam cantadas por homens, as mulheres capricham quando resolvem cantar uma. Vira um clássico:



Pra fechar e deixar tudo empatado, uma brasileira, daquelas que, se cantassem pra mim, dava pra dar uma balançada:


E você, que música cantaria? E qual gostaria que cantassem pra você?

"And we'll never be royals
It don't run in our blood
That kind of lux ain't for us
We crave a different kind of buzz..."